O tempo que nos cerca exige de nós uma atenção para a realidade e para nossos afazeres; quase não temos tempo para o recolhimento. A Igreja nos apresenta este tempo da Quaresma como momento oportuno para uma interiorização e recolhimento mais intenso, que nos leva a uma profunda experiência de Deus.

“O tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; tempo que se estende da Quarta-feira de Cinzas, até a Missa na Ceia do Senhor”.

Precisamos sair da rotina, da correria, para nos encontrar mais com Deus, conosco e com nossos irmãos. É uma necessidade do ser humano, fazer esta experiência. A reflexão, a escuta da Palavra de Deus, nos ajudam a um profundo encontro com o sentido da vida.

Na abertura do tempo da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas, vamos ouvir o convite à conversão. Voltar nosso “espírito para Deus, que é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Jl 2, 13). O profeta Joel nos convida a rasgar o coração e não as vestes. Este desafio nos faz confrontar com a mais pura realidade da nossa existência; rasgar as vestes é um convite a uma mudança aparente, rasgar o coração é um convite desafiador, um convite radical de mudança para uma realidade nova em Deus.

Vamos aproveitar deste tempo de reflexão, que é o tempo da Quaresma, para nos preparar melhor para a Páscoa do Senhor.

Para nós católicos do Brasil, o tempo da Quaresma vem acompanhado com a reflexão da Campanha da Fraternidade. Este ano de 2024, o Tema é “Fraternidade e Amizade Social” e o Lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Com esta Campanha teremos a oportunidade de “Refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente”, diz Cardeal Steiner.

O convite é refletir sobre “Fraternidade e Amizade Social”, um tema inspirado na Fratelli Tutti, Documento do Papa Francisco.

Segundo o Cardeal Dom Leonardo, “a amizade social tem como pano de fundo a fraternidade, esse respeito, essa convivência harmônica na diferença; essa confiança que nós temos nas pessoas, esse espaço onde podemos dialogar, onde podemos dizer o que sentimos, podemos partilhar as nossas aflições. A amizade, ela acolhe, reconcilia, a amizade sempre de novo fortalece, encaminha a vida”.

            Não podemos viver o Evangelho fora da experiência social. Dentro deste contexto, manifestamos a fé e vivemos o nosso compromisso batismal, em gestos de partilha, respeito pelas diferenças, com a preocupação com o que é comum.

Os cristãos são presença do Evangelho na sociedade. Despojemo-nos do velho homem para revestir-nos do verdadeiro Homem que vem para nos libertar da escravidão do pecado e da morte e nos convida a sermos um sinal do Reino no mundo atual.

            Tenhamos coragem de aderir à vida, que vem de Deus.

Monsenhor Sabino